quinta-feira, 12 de maio de 2016

Barroco no Brasil

Barroco
Com o seu surgimento no fim do século XVII e o seu auge no século XVIII, a arte barroca foi o estilo que sucedeu o Renascimento - ambos os estilos compartilhavam o gosto pela antiguidade clássica.

A arte barroca apresenta bastantes detalhes, drama e expressões que, de alguma forma, mechem com os sentimentos de quem a vê. Com a finalidade de intensificar a noção de profundidade, o claro e o escuro estão muito presentes na pintura barroca, além da luz, que tem como objetivo conduzir o olhar do espectador à cena principal.
          
Já na escultura, fica claro o movimento e a exuberância das formas, enquanto na arquitetura o Barroco utiliza elementos para dar a impressão de dinamismo e grandiosidade tanto nas fachadas quanto no interior.



           
Principais características do Barroco:

O Barroco tem como características a fugacidade da vida, a instabilidade das coisas, a morte, a expressão máxima das efemeridade das coisas, a concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas, a visão do castigo como decorrência do pecado, o arrependimento, a narração de cenas trágicas, o erotismo, o misticismo e, por último, o apelo à religião.

Barroco no Brasil:

 Com a primeira (Bahia, 1624) e a segunda invasão holandesa (Pernambuco, de 1630 até 1654), o Brasil teve o seu primeiro contato com a Arte Barroca. A partir do século XVII o movimento Barroco se expandiu para os centros de produção açucareira, ainda na Bahia, por meio de igrejas.

O estilo de arte que se desenvolveu com mais força, inicialmente, foi a arquitetura, porém a partir da segunda metade do século as artes sofrem grandes impulsos. 

Costuma-se considerar a publicação da obra Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, como o marco inicial do Barroco no Brasil - um poema épico, de estilo cancioneiro que procura imitar Os Lusíadas.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Mestre Valentim

Valentim da Fonseca e Silva


Valentim da Fonseca e Silva (Serro MG ca.1745 - Rio de Janeiro RJ 1813) foi escultor, entalhador, arquiteto e urbanista. 

Em 1748, foi levado por seu pai a Portugal, onde aprendeu o ofício de escultor e entalhador, retornando ao Rio de Janeiro. Por volta de 1770, abriu uma oficina no centro comercial, pertencente à Irmandade dos Pardos de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito. 

Em 1772, trabalhou com o entalhador Luís da Fonseca Rosa na decoração interna da Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, realizando trabalhos até 1800. Durante a gestão do vice-rei, Dom Luís de Vasconcelos e Sousa (1740 - 1807), entre 1779 e 1790, foi o principal construtor de obras públicas da cidade do Rio de Janeiro nas áreas de saneamento, abastecimento e embelezamento urbano, como o Passeio Público. 

Entre 1790 e 1813, executou talha e imagens sacras para as igrejas de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, São Pedro dos Clérigos, Santa Cruz dos Militares e Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco.

Obras



Aleijadinho

 Antônio Francisco de Lisboa 

O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como Aleijadinho. Sua obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil.

Obras

Podemos citar algumas obras de Aleijadinho: Os Doze Profetas e Os Passos da Paixão, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo (MG).


Passos da Paixão




Pe. Vieira

Padre Antônio Vieira

Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, em 1697. Com sete anos de idade, veio para o Brasil e entrou para a Companhia de Jesus. Por defender posições favoráveis aos índios e aos judeus, foi condenado à prisão pela Inquisição, onde ficou por dois anos.

Prosa

Responsável pelo desenvolvimento da prosa no período do barroco, Padre Antônio Vieira é conhecido por seus sermões polêmicos em que critica, entre outras coisas, o despotismo dos colonos portugueses, a influencia negativa que o Protestantismo exerceria na colônia, os pregadores que não cumpriam com seu ofício de catequizar e evangelizar (seus adversários católicos) e a própria Inquisição. Além disso, defendia os índios e sua evangelização, condenando os horrores vivenciados por eles nas mãos de colonos e os cristãos-novos (judeus convertidos ao Catolicismo) que aqui se instalaram. Famoso por seus sermões, padre Antônio Vieira também se dedicou a escrever cartas e profecias.

Sermão da Sexagésima (1655):

O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por tratar da arte de pregar. Nele, Padre Antônio Vieira condena aqueles que apenas pregam a palavra de Deus de maneira vazia. Para ele, a palavra de Deus era como uma semente, que deveria ser semeada pelo pregador. Por fim, o padre chega à conclusão de que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano terrreno a culpa é única e exclusivamente dos pregadores que não cumprem direito a sua função. 


Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o pregador evangélico a semear" a palavra divina. Bem parece este texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também faz caso do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de contar os passos. (...) Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que se contentam com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (...)

Gregório de Matos

Gregório de Matos

Gregório de Matos nasceu em Salvador (BA) e morreu em Recife (PE). Estudou no colégio dos jesuítas e formou-se em Direito em Coimbra (Portugal). Recebeu o apelido de Boca do Inferno, graças a sua irrelevante obra satírica.

Obras

Gregório de Matos firmou-se como o primeiro poeta brasileiro: cultivou a poesia lírica, satírica, etórica e religiosa. O que se conhece da sua obra é fruto de inúmeras pesquisas, pois o autor não publicou seus poemas em vida. Por essa razão, há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos que lhe são atribuídos.

Soneto

A exemplo das características do autor, pode-se citar que sua preocupação religiosa revela-se no grande número de textos que tratam do tema da salvação espiritual do homem. 

No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. 

Soneto a Nosso Senhor

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história.
Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Se basta a voz irar tanto pecado,
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,
(...)

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Mestre Ataíde

Manuel da Costa Ataíde



Manuel da Costa Ataíde é considerado a principal figura da pintura barroca mineira e teve produção artística fecunda e significativa.

Não se sabe ao certo quando Ataíde começou a pintar. Seus primeiro trabalho conhecido é a encarnação de duas imagens de Cristo para o santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (1781).

Dos painéis e telas que deixou em 18 igrejas de Minas Gerais, sua obra mais famosa é a pintura do teto da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto - para a qual Aleijadinho fez estuques e esculturas -, representando a ascensão da Virgem.

Em 1801, Ataíde foi incumbido da decoração da igreja de São Francisco, em Ouro Preto. Ali pintou, além do teto da nave, o painel da sacristia - "São Francisco assistido pelos anjos" - quatro telas ("São Pedro", "Santa Margarida de Cortona", "Santa Clara" e "São Francisco em agonia"), e seis painéis para a capela-mor, sobre a vida de Abraão.

Em 1818 e 1819, novamente em Congonhas do Campo, fez a encarnação de imagens talhadas pelo Aleijadinho para as capelas dos Passos da Via-Crúcis. Trabalhou também na matriz de Santo Antônio do Ribeirão de Santa Bárbara e nas igrejas de Santo Antônio de Itaperava e Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto.

Obras